De volta

Depois de quase uma no achando que meus problemas em relação ao peso estariam resolvidos, cá estou eu de novo. Nesse quase um ano sem entrar aqui eu achei que a Ana Mia tinha me "deixado viver em paz", nesse tempo todo não acetei meu peso e voltei a comer como antes e liguei o foda-se. "Já que vou ficar sozinha pra sempre e ninguém nunca vai me querer, vou comer até explodir" essa foi a frase que mais repeti até essa semana. O ponto de tudo é: minha banda Sul-Coreana favorita vai vir pro Brasil e é praticamente a minha chance única de ver eles, mas eu não irei vê-los porque meus pais acham São Paulo uma cidade perigosa. Não tenho nada pra me apegar e acabei deixando minha vida nas mãos desse grupo. Acho que vocês sabem quando um ídolo se torna o ar que você respira e você tenta se manter forte por ele. Eu tentei me manter forte pelo Bangtan pra um dia conseguir alcançá-los. Esse dia iria ser dia primeiro de agosto, o dia que poderia ser o mais feliz da minha vida vai ser o pior, meu sonho não vai se realizar.

Acho que não passei dos cinquenta quilos e cresci muito nesse quase uma ano de hiatus, de tanta tristeza eu sinto que emagreci. Fiz novos amigos (a maioria na internet) e andei  me sentindo melhor até que tudo desmoronou. Não sei se já contei aqui, mas quando eu tinha 8 anos, por aí, meu vizinho me molestava e eu não entendia isso, me sinto suja por lembrar que ele me dava doces quando me tocava e eu gostava. Ele ainda mora em frente a minha casa e me provoca todos os dias. Eu havia me esquecido disso tudo e quando cheguei na pré-adolescência as coisas voltaram pra minha mente. No fim do ano completo 17 anos e me sinto um lixo de ser humano, sempre que o caminhão de lixo passa eu quase peço pra ele me levar. Eu contei pra minha mãe essa história de que eu era molestada, mas ela não parece acreditar e ainda frequentar a casa dele. Tenho nojo dela que trai meu pai com um "amigo" da família e nem sequer disfarça quando liga pra ele, joguei isso na cara dela um dia e ela se fingiu de santa, ela é sempre a Madre Teresa e tenho certeza de que foi ela que convenceu meu pai a não me levar pro show, se eu tivesse condição de sair de Minas sozinha eu não pediria ajuda pra ninguém. Não tenho coragem de contar pro meu pai o que aconteceu comigo, muitas pessoas já me aconselharam a contar, mas com certeza aquela mulher vai fazer com que ele não acredite nisso. Decidi que no fim do ano que vem, quando eu tiver 18 anos, vou contar pra ele, espero que ele esteja comigo até lá. Não consigo fazer amigos por mim mesma, as pessoas que começam a falar comigo. Fico tanto tempo presa em casa que peguei pânico de sair, é raro eu aparecer na escola. Se eu acabar reprovando mais uma vez eu me mato, sinceramente.

Vejo todas as minhas poucas amigas da "real life" namorando, saindo e me sinto horrível. Me arrumo e ninguém me nota, parei de me arrumar porque cansei de gastar dinheiro pra nada. Teve um tempo em que pensei pedir ajuda á uma professora, mas não tenho coragem, a timidez sempre atrapalha. Eu queria ser boa em desenhar, cantar, dançar, escrever... Mas eu sou um nada e provavelmente isso nunca vai mudar. Estou sempre decepcionando as pessoas que eu gosto.
 Eu vivia na casa das minhas tias que moravam ao lado, eu ficava mais com elas e com o meu avô do que com os meus pais.

"Vovô Jurandir, tio Everaldo, tia Teresa, Ana e Maria Teresa.
Tia Teresa arrumou um namorado que mexia com drogas e ela sabia disso, 
Ela teve um bebê com ele e um dia ele chegou aqui com uma arma.
Tia Ana se escondeu.
Ouvi dizer que esse namorado sequestrou a tia Maria Teresa, mas ninguém nunca me conta nada direito.
Quando eu vi, todos tinham ido embora pra Juiz de Fora.
Fiquei sozinha.
Vovô Jurandir descobriu que tinha câncer em 2001 e não falou pra ninguém,
Morou um tempo em Juiz de Fora e quando passou mal pediu pra voltar pra cá.
Levamos ele ao médico e descobrimos que o câncer dele não tinha mais cura.
Depois de ficar um tempo internado, ele faleceu.
Fiquei sozinha mais uma vez."

Quero muito voltar a ir no psicólogo, mas pelo visto vai ter que ser ano que vem quando eu começar a trabalhar, já que pra minha mãe eu tenho tudo que quero e meu psicológico não vale nada. Se eu subo uma escada quase morro, se eu pisar em uma esteira é capaz de eu ter uma taquicardíaca. Desde segunda eu ando tremendo muito,  não faço a miníma ideia do porquê disso. Hoje tá sendo difícil digitar no celular e aqui. Não me julguem, por favor. E nem sintam pena de mim. Acho que só vou me sentir melhor quando eu alcançar meu peso ideal, vou tentar emagrecer de forma saudável. Meu maior medo é que meus amigos se afastem de mim por eu só conseguir existir e não, viver.

Até.